Arte Explodida de André Griffo
Resumo: Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Em sua primeira individual em Nova York, André Griffo apresenta a beleza de sua pintura figurativa que esconde cenas dramáticas
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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
O ex-arquiteto André Griffo utiliza sua formação acadêmica como pesquisa para produzir telas e instalações nas quais o espaço arquitetônico enfatiza o poder da religião sobre a sociedade, principal foco de sua reflexão sócio-histórica. A obra do artista fluminense, nascido em Barra Mansa, analisa como o poder da religião, que faz parte do mais influente triunvirato da civilização junto com os poderes político e financeiro, foi se desenvolvendo como ferramenta velada de dominação e controle.
Em sua primeira mostra nos EUA, sendo exibida atualmente em nossa galeria no Chelsea, o artista de 45 anos intitulou o evento com um nome curioso: “Exploded View”. (Fique tranquilo, não há nenhuma pirotecnia hollywoodiana…) Vista explodida ou perspectiva explodida são expressões técnicas, cunhadas na década de 1940, para indicar imagem ou desenho aumentado, “explodido”, ferramenta ilustrativa que auxilia no entendimento dos detalhes de uma peça ou um objeto manufaturado como vemos em qualquer catálogo ou folder técnico. Fazendo menção à História da Arte, um dos assuntos de interesse de Griffo, o visionário Da Vinci na Renascença italiana aplicou a útil invenção gráfica em desenhos de estudo da anatomia do corpo humano e em inúmeras invenções.
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Entre as doze obras da individual está a série de cinco telas pintadas em detalhe com minuciosas pinceladas mostrando o interior de igrejas do nosso barroco-colonial com todos os elementos convencionais da arquitetura religiosa católica: altar ao centro com a figura idolatrada, pintura celestial no teto, ornamentação enfatizando a sacralidade do espaço. Mas se observarmos atentamente, utilizando nossa “vista expandida”, o caráter “explosivo” da obra de Griffo se revela. No chão na frente do altar representado na tela, com parte superior recortada em forma de arco na instalação batizada Jesus e seu projeto teocrático para os anos 2000 VII (Sono de Constantino), escravos pintados em dimensão liliputiana trabalham incansávelmente.
Da mesma série, A supressão do santo pelo ornamento III, com cena de igreja com interior forrado em azulejaria portuguêsa azul e branca, prevalece o mesmo olhar. À frente do altar, seres humanos diminutos, nus, à morte, parecem remeter aos painéis de Jardim das delicias, final século 15, do holandês Hieronymus Bosch, ou ao afresco do Inferno na Capela Sistina de Michelangelo, um dos artistas eleitos de Griffo. Os dois velhos mestres destacam as punições aos vícios do ser humano com aval de uma igreja castigadora mas, ela mesmo, “imaculada”, “pura”, Griffo, por outro lado, cria sua cena com uma ótica implacável: o ser humano explorado pela mais poderosa e longeva instituição do planeta.
Outro exemplo de vista explodida e da permanência nos anais da nossa sociedade de alguns personagens simbólicos, manipuladores, está na série O vendedor de miniaturas. Desenvolvida desde 2020, a série invariavelmente é encenada em uma estação de metrô de um grande centro urbano, como Nova York, Berlim, São Paulo ou Rio, com um vendedor ambulante comercializando seus produtos. Em nosso espaço novaiorquino, exibimos a versão com mini imagens da Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil, e do padroeiro do Rio de Janeiro, São Sebastião, misturadas àqueles pequenos bonecos de ação, que é tão comum presentearmos às crianças. Mas aqui, olhe bem, eles representam as figuras do Pastor, do Policial, do Miliciano, do Traficante e do Político.
Griffo vive e trabalha no Rio, onde suas obras integram as coleções do Instituto PIPA e do Museu de Arte do Rio (MAR). Em São Paulo, seu trabalho está no acervo do Instituto Itaú Cultural e, em Fortaleza, no Museu da Fotografia. Nos EUA, o artista tem obra no Denver Art Museum, e na Noruega no Kistefos Museum.
André Griffo: Exploded View
Até 21 de dezembro, 2024
Galeria Nara Roesler / Nova York
Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) cynthiagarciabr@gmail.com
Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.
info@nararoesler.art
Instagram: @galerianararoesler
http://www.nararoesler.com.br/
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