Com Método Acessível, Startup Pretende Revolucionar a Fertilização In Vitro
Resumo: Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Médicos dizem que a tecnologia desenvolvida pela startup Gameto pode diminuir o custo do procedimento
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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Muitos fundadores costumam brincar que suas empresas são como seus “bebês”. Mas para Dina Radenkovic, isso assumiu um significado totalmente novo no dia 7 de dezembro, quando o primeiro bebê concebido utilizando o produto de fertilização in vitro da sua empresa, o Fertilo, nasceu no Peru.
“Algo que começou como uma ideia, em um pequeno apartamento alugado em Nova York, se transformou em um bebê de verdade”, diz Radenkovic sobre o marco.
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Desde 1978, milhões de bebês nasceram graças à fertilização in vitro. No ano passado, nos Estados Unidos, mais de 2% de todos os nascimentos utilizaram o procedimento. O processo é relativamente simples: os pacientes injetam hormônios por um período de 10 a 14 dias, às vezes várias vezes ao dia, para amadurecer os óvulos que os médicos extraem para congelar. Após a fertilização, o óvulo amadurecido se torna um embrião que pode ser reimplantado no útero.
O método funciona, mas também é demorado, caro e desconfortável. As altas doses de hormônios frequentemente causam efeitos colaterais como inchaço, náuseas, vômitos e até mesmo síndrome de hiperestimulação ovariana, explica Radenkovic. Além disso, a extração de óvulos bem-sucedida acontece na primeira tentativa em apenas metade dos casos para pacientes com menos de 35 anos. Mulheres acima de 40 anos têm taxas de sucesso inferiores a 10%/
Os números mostram que muitos pacientes precisam passar por várias tentativas desgastantes e caras, para, nem sempre, ter sucesso.
Esses desafios inspiraram Radenkovic a cofundar a Gameto, com Martin Varsavsky, em 2021. Ambos tinham experiência em saúde reprodutiva. Dina é médica de formação, trabalhou em cargos clínicos e de pesquisa em instituições como o Barts Health e o St Thomas’, do sistema de saúde do Reino Unido. Varsavsky é um empreendedor em série, fundador da Prelude Fertility, a maior rede de clínicas de fertilidade da América do Norte.
O objetivo da Gameto é tornar a fertilização menos invasiva, menos dolorosa e mais acessível, diz a empresária de 29 anos, que integra a lista Forbes Under 30 na categoria saúde. Para apoiar essa visão, a Gameto levantou US$ 73 milhões em financiamento. Recentemente, em uma rodada de Série B, a Two Sigma Ventures investiu US$ 33 milhões na startup, visando o mercado global de fertilização in vitro, estimado em US$ 25 bilhões.
“O mercado é enorme”, afirma Dusan Perovic, sócio da Two Sigma Ventures, destacando que isso se deve, em grande parte, à idade em que as pessoas começam a formar famílias atualmente. “Os investidores também estão percebendo isso e olhando para tecnologias melhores.”
Depois de fundar a Gameto, Radenkovic e Varsavsky trabalharam com um laboratório do Wyss Institute, de Harvard, para a pesquisa de engenharia celular. Eles perceberam que era possível amadurecer óvulos fora do corpo da mulher, o que poderia reduzir o tempo do procedimento.
“Percebemos que podíamos usar tecnologia para criar ovários sintéticos em laboratório”, diz Radenkovic, explicando como nasceu o Fertilo. Com essas novas técnicas, o período de injeções hormonais pode ser reduzido para apenas dois ou três dias antes da extração de óvulos.
Esses óvulos são colocados em uma solução que age como um ovário sintético, permitindo seu amadurecimento. Isso reduz a duração e o número de injeções em quase 80%.
Usar o Fertilo não só minimiza o desconforto, mas também reduz os custos e facilita o acesso de alguns pacientes à fertilização in vitro, afirma o Dr. Brian Levine, diretor da clínica CCRM em Nova York.
“O Fertilo pode ajudar a reduzir o custo intrínseco do procedimento, porque o paciente precisará tomar medicamentos por apenas alguns dias”, diz ele. “Se esse produto puder estimular alguém em apenas três ou quatro dias, isso pode ser a diferença entre proporcionar ou negar acesso ao tratamento”, acrescenta.
A equipe da Gameto passou anos desenvolvendo e testando a tecnologia para garantir que os óvulos e embriões fossem saudáveis. Ensaios clínicos mostraram resultados positivos, e o Fertilo já foi aprovado por reguladores em seis países. Ele está comercialmente disponível na Austrália, México, Argentina e Peru, e está em fase de preparação para entrar no mercado do Japão e Paraguai, após a escolha de parceiros.
Atualmente, há cerca de dez outras gestações em andamento graças ao Fertilo, incluindo um caso de gêmeos. Na semana passada, a Gameto anunciou uma parceria com a cadeia de clínicas IVFAustralia para expandir sua oferta no país.
Nos EUA, a Gameto está se preparando para iniciar os testes clínicos de Fase 3 em 2025, que poderão levar à aprovação final pela FDA. Enquanto isso, Radenkovic trabalha para convencer a indústria de que uma mudança significativa está a caminho.
“Eu realmente acredito que grandes avanços científicos podem ser construídos em grandes empresas. Foi por isso que entrei na área da saúde: para causar um impacto positivo e, ao mesmo tempo, construir um negócio extraordinário.”
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