Dólar a R$ 6: Vale a Pena Investir no Exterior Agora?
Resumo: Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Especialistas explicam que o valor do dólar não deve influenciar na decisão; entenda
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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Ter uma parcela dos investimentos em moeda estrangeira é um conselho comum dado às pessoas que procuram se proteger de possíveis turbulências domésticas. O problema é que nem toda carteira está preparada para os solavancos e muitos só se lembram das estratégias de defesa quando precisam delas para lidar com momentos adversos de mercado — e o dólar já está batendo R$ 6.
Segundo o Raio-X do Investidor 2023 da Anbima, os investidores brasileiros seguem cautelosos e preferem a poupança ou a renda fixa. Apenas 1% em moedas estrangeiras, a mesma quantidade que investe em ouro — as classes consideradas como proteção de portfólio.
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Em um momento em que a busca por defesa de portfólio cresce, muitos se questionam se “dolarizar” a carteira de investimentos com o dólar caro pode ser uma boa, já que a renda fixa brasileira, sozinha, garante ganhos na casa dos 14% ao ano.
Vale ressaltar que que dolarizar a carteira é muito mais do que comprar dólares. Trata-se de alocar capital em fundos, títulos ou ações compradas em dólares no mercado internacional.
É hora de dolarizar?
Enquanto as bolsas americanas renovam recordes atrás de recorde, o mercado financeiro brasileiro apanha com a desconfiança quanto ao pacote de corte de gastos e ao anúncio de isenção de imposto de renda feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em 27 de novembro. O movimento fez com que o câmbio se depreciasse e o dólar chegasse ao seu valor histórico mais alto, batendo os R$ 6,10.
Pode até soar contraintuitivo para alguns, mas os especialistas apontam que o valor de tela da moeda pouco deve influenciar as decisões e a busca por exposição ao mercado internacional.
Para eles, a dolarização deve ser uma atitude relacionada à estruturação da carteira e não em apostas cambiais. William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue., aponta que a dolarização deve ser vista como uma forma de diluir a exposição da carteira a riscos geográficos, políticos e econômicos de um único país.
Reduzindo danos
Rodrigo Sgavioli, head de alocação da XP, explica que quando o objetivo está alinhado com temores políticos e fiscais, o preço da moeda impacta pouco no longo prazo.
“É como viajar nas férias. Se você consegue encontrar uma promoção, melhor, mas se não encontrar, viajará do mesmo jeito”, explica o economista. Para ele, investir no exterior deveria ser algo mais discutido para que o investidor se abra a novos mercados. “Para participar da transformação do capitalismo nos próximos 10 ou 20 anos, deve-se expor mais a empresas globais listadas nas bolsas, por exemplo”.
Arley Matos, estrategista de investimentos do Santander, segue o mesmo raciocínio — ainda que no curto prazo a diferença cambial possa afetar o poder de compra, existem formas de se reduzir esse impacto.
“Uma alternativa para mitigar esse efeito é investir em fundos internacionais negociados em reais ou ETFs que repliquem ativos dolarizados, como alternativa à compra direta”, explica. Para ele, ainda que a Selic alta garanta ganhos gordos na renda fixa, o investidor continuará exposto à desvalorização da divisa brasileira.
Para comprar ativos em moeda estrangeira, a regra é a mesma indicada para quem quer aumentar a sua exposição a uma empresa: comprar aos poucos e em pequenas quantidades já que assim as flutuações cambiais estarão diluídas no preço médio do total.
Além de preservar o patrimônio, o investimento em dólar também garante a reposição de perdas no poder de compra em real. Do trigo importado para fazer o pão francês matinal ao combustível, passando pelo papel do jornal, mais de 10% dos produtos consumidos no Brasil são indexados ao dólar, segundo o Centro de Estudos em Finanças da FGV-EASP.
Como mostra o estudo, quanto mais baixa a renda da família, mais sua cesta básica é afetada pelo câmbio. Famílias com renda super baixa têm aproximadamente 14% de sua cesta afetada, número que cai para 11% nas famílias de renda alta.
Os pesquisadores apontam que, considerando o cenário, o brasileiro deveria ter, no mínimo, de 16% a 18% de seus investimentos dolarizados. Mas se o seu perfil de investimento é conservador, a exposição ao mercado internacional pode não ser boa para você. Isso porque a flutuação cambial eleva a volatilidade do preço de tela de ativos como ações ou ETFs em real.
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