Morcegos Ajudam a Economizar Bilhões no Agro dos EUA, Mas Estão Ameaçados

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Resumo: Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Valor anual do “serviço” que eles prestam ao país é estimado R$ 22,5 bilhões e R$ 321,9 bilhões
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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

A agricultura dos Estados Unidos e as indústrias associadas, que juntas movimentam US$ 1,53 trilhão (R$ 9,29 trilhões na cotação atual), enfrentam ameaças pouco conhecidas, avaliadas em bilhões de dólares, causadas pelas mudanças climáticas, pela energia eólica e a uma doença fúngica que está dizimando morcegos. Isso porque esses animais auxiliam os agricultores ao consumirem milhares e milhares de insetos como suas refeições principais.

Eles ajudam a evitar perdas nas colheitas e reduzem o uso de inseticidas O valor anual do “serviço” que eles prestam à agricultura do país é estimado entre US$ 3,7 bilhões (R$ 22,5 bilhões) e US$ 53 bilhões (R$ 321,9 bilhões), de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), órgão vinculado ao Departamento do Interior norte-americano.

Como os Morcegos Beneficiam a Sociedade

Além de se alimentarem de insetos que poderiam destruir alimentos e vegetais, os morcegos também polinizam plantas que produzem 300 espécies de frutas, incluindo o cacau. E mais: os apreciadores de tequila devem a eles uma dívida de gratidão por polinizarem o agave.

“Morcegos e agave têm uma relação mutualista. Os morcegos fêmeas grávidas precisam do néctar doce das plantas de agave para realizar suas jornadas migratórias anuais entre o centro do México e o sudoeste dos EUA, onde dão à luz um único filhote”, diz a organização Bat Conservation International, de Austin, Texas.

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Morcego sendo vacinado de modo experimental, em pesquisa na National Wildlife Health Center

Mas a contribuição desses amimais para a economia dos EUA é quase desconhecida, exceto por comunidades de cientistas, entusiastas de morcegos e ambientalistas. Contudo, a situação crítica dos morcegos da América do Norte tem recebido mais atenção.

Mortalidade em Alta por causa de Mudanças Climáticas, Doença Fúngica e Turbinas Eólicas

Embora se abriguem em cavernas, os morcegos podem ter suas vidas ameaçadas por eventos climáticos severos.

“Tempestades intensas e chuvas fortes podem inundar refúgios, matando colônias inteiras presas em cavernas ou minas. Nevascas no início da estação e temperaturas congelantes prolongadas também já mataram morcegos ao bloquearem entradas de cavernas com neve e gelo ou ao fazerem com que eles morressem congelados durante a hibernação”, aponta o Serviço Nacional de Parques, relacionando a mortalidade dos morcegos às mudanças climáticas.

Ben Lohre, cientista da computação do USGS, e Andrea Schuhmann, bióloga do USGS, do Programa de Monitoramento de Morcegos dos EUA

O calor extremo e os incêndios florestais, associados às mudanças climáticas também estão matando morcegos ao destruir seus habitats. Além disso, esses animais podem ter dificuldades para sobreviver em períodos de seca e altas temperaturas. O aumento da temperatura pode resultar em mudanças desfavoráveis em habitats tradicionais onde os morcegos migravam.

Outro perigo vem das turbinas eólicas, que matam milhares de animais migratórios por ano na América do Norte. Acredita-se que os morcegos confundam as pás das turbinas com árvores durante a migração e reprodução, já que cada vez mais morcegos mortos são encontrados ao redor das turbinas no verão e outono. Um relatório de 2018, do American Wind Wildlife Institute, estimou que entre 90.000 e quase 400.000 morcegos foram mortos por turbinas eólicas nos EUA e Canadá em 2012.

Outro risco é uma doença fúngica que afeta apenas morcegos, conhecida como síndrome do nariz branco. Essa doença, letal, apareceu há cerca de 17 anos e já dizimou milhões de morcegos em 40 estados dos EUA. Acredita-se que a doença tenha sido introduzida em cavernas e minas por meio das roupas e equipamentos de visitantes.

Como a Tecnologia Sofisticada Para Ajudar

O USGS está testando dez ferramentas tecnológicas avançadas para criar soluções científicas que ajudem na conservação dos morcegos e, consequentemente, beneficiem a economia, especialmente a agricultura. Entre elas estão:

Detectores acústicos de morcegos: convertem os chamados de alta frequência em sons audíveis para estudar hábitos e populações
Redes finas (mist nets): usadas para capturar e soltar morcegos sobre áreas de água para avaliação.
Nanotags: transmissores minúsculos usados para rastrear a síndrome do nariz branco e planejar energia eólica offshore.
Biossensores de edição genética: detectam o patógeno da síndrome do nariz branco ao swabar a pele dos morcegos.
Impressão 3D: reduz custos na criação de dispositivos de gravação de áudio e vídeo.
Câmeras térmicas: permitem observar a atividade dos morcegos em cavernas escuras.
Banco de dados interativo de turbinas eólicas: cruza dados sobre morcegos com a localização das turbinas para mitigar mortes.

Apesar das ameaças, as taxas de sobrevivência desses animais podem melhorar com mais informações sobre suas contribuições econômicas e o uso da ciência para protegê-los.

*Noel Fletcher é colaboradora da Forbes EUA e repórter de políticas públicas em Washington, D.C., cobrindo energia renovável e vida selvagem. Já atuou como correspondente na China e na Europa.