O Estilo de Liderança de Alexandre Birman, CEO da Azzas 2154
Resumo: Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Líder do maior grupo de moda da América Latina, fruto da fusão da Arezzo&Co com a Soma, fala sobre trajetória empresária, estilo de liderança e planos para o futuro
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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
No dia em que completava 48 anos, em 1º de agosto, Alexandre Birman e amigos comemoravam o início das operações do Azzas 2154 na B3, no Centro de São Paulo. Um dia antes, era formalizada a união da Arezzo&Co (da família Birman) com a Soma (dos Jatahy), dando à luz um grupo com receita bruta da ordem de R$ 12 bilhões, 34 marcas (da sesquicentenária Hering à “adolescente” Schutz), 24 mil colaboradores diretos, mais de 2 mil lojas e 22 mil pontos de venda multimarcas, oferecendo calçados e roupas femininas e masculinas. Birman está na lista Forbes Melhores CEOs de 2024.
Alexandre passava, a partir daquela data, a comandar o maior grupo de moda da América Latina. O empresário, designer de sapatos e triatleta Alexandre Birman nos recebeu em sua sede, na Zona Sul paulistana, e logo enfatizou outra efeméride: no dia seguinte, a Arezzo, empresa fundada por seu pai, Anderson, e pelo tio Jefferson em Belo Horizonte em setembro de 1972, completaria 52 anos – quase todos eles acompanhados de perto por nosso anfitrião. “Quando eu nasci, em 1976, a fábrica era na garagem da casa do meu avô”, conta. “Meu carrinho de bebê era uma caixa de sapato”, brinca.
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O negócio de família evoluiu rápido: em quatro anos, eles já tinham uma indústria com 200 funcionários produzindo mil pares por dia. Alexandre acompanhava atentamente o dia a dia dos jovens pais. Aos 5 anos, aprendeu a montar as caixas; aos 12, sabia fazer um sapato inteiro, do molde à costura final; aos 18, criou uma marca própria, a Schutz. Seus conhecimentos como designer foram aprimorados em um curso de modelagem técnica de calçados na Itália. “Meu pai me ensinou que, por trás de uma grande marca, é preciso ter um grande produto, algo que faça aquela marca se tornar conhecida, icônica. Então criei uma bota tratorada, meio estilo outdoor, mais feminina, com uma plataforma. Inventei moda, literalmente”, conta Alexandre Birman, depois de cravar que seu grande mentor e guru foi, é e sempre será seu pai.
Curiosamente, no entanto, antes de atingir a maioridade, um consultor de gestão de empresas familiares recomendou que ele não trabalhasse com o pai, que seguisse uma carreira própria. Foi quando montou a Schutz – mas com a ajuda de Anderson. “Em 2007, nos tornamos sócios”, lembra.
Perguntado sobre um erro e um acerto na trajetória de gestor, Alexandre Birman conta que um grande erro de cálculo foi decidir mudar sua fábrica em Minas Gerais, que estava indo bem, para o Rio Grande do Sul, no fim dos anos 1990. “Eu achava que fechar uma fábrica e transportar todo o maquinário era um processo que eu faria em dois meses. Aproveitei as férias entre dezembro e janeiro para fazer essa mudança, com a meta de produzir 500 pares por dia.” Ele ignorou os conselhos para fazer a transição aos poucos, diminuindo a produção de um lado enquanto aumentava do outro. Descobriu da pior forma que a mudança levaria cerca de um ano. “Em maio, eu tinha que entregar os pedidos e eu não tinha quase nada, só uns sapatos malfeitos. Tive que cancelar os pedidos.”
Outro tombo, esse literal, foi durante um dos muitos triatlos de que participou (em novembro de 2023, foi vice-campeão latino-americano do Ironman 70.3 Fortaleza na categoria 45-49 anos, perdendo apenas para o próprio coach). “Caí da bicicleta a uns 40 km/h e tive que correr a maratona com o joelho destruído. Por pouco não tive que operar.” O acidente aconteceu no Panamá em 2012. Sobre um grande acerto, ele destaca a aposta na “capacidade omni” da empresa. “Nós criamos o aplicativo de venda (que a vendedora pode fazer digitalmente) em 2018. Não foi fácil no começo, mas investimos muito nessa ferramenta e acabamos virando um case como a empresa mais resiliente na pandemia.”
Sobre seu estilo de gestão como CEO, ele afirma ser baseado no exemplo e na proximidade com colaboradores e fornecedores. “Gosto de estar junto com as equipes que executam, incluindo o chão de fábrica, toda semana. É uma rotina que cumpro desde 1999.” Ele também diz se preocupar com as dificuldades dos fornecedores e dos pontos de vendas, eventualmente ouvindo o que o cliente tem a dizer de seus produtos.
Em relação aos planos para o futuro, Alexandre Birman elenca: “No curto prazo, é concretizar a integração da fusão e deixar a empresa funcionando como uma empresa única do ponto de vista de gestão, indicadores e planejamento estratégico, a partir do dia 1º de janeiro do ano que vem. No médio prazo, o objetivo é fomentar algumas marcas que são fundamentais para o nosso negócio, cada uma em seu estágio de vida e seu propósito. Enquanto a Hering, por exemplo, é o 10º CNPJ mais antigo do Brasil e virou sinônimo de camiseta básica no Brasil, a Farm Rio se torna um desejo nacional e internacional, com presença forte nos Estados Unidos e começando sua participação no mercado europeu.”
Sobre o longo prazo, o nome do novo gigante da moda dá a pista: Azzas 2154 remete à capacidade de voar alto, e 2154 é um mantra de longevidade criado por Anderson Birman para se referir ao ano em que faria 200 anos – e para dizer que ele não estará lá quando essa data chegar, mas seu legado sim.
Reportagem publicada na edição 123 da Forbes, lançada em setembro de 2024.
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