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O Novo “Piso Tecnológico” com o Impacto da IA

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Resumo: Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Tecnologia abre caminho para um mundo onde todos, de empreendedores a artistas, podem transformar ideias em realidade digital
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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Se pensarmos em revoluções silenciosas, aquelas que moldam nosso cotidiano sem muito alarde, a democratização do desenvolvimento de software liderado pela Inteligência Artificial (IA) me parece ser um dos movimentos mais transformadores da nossa época. Lembro-me – e creio que alguns dos meus leitores também lembrarão – do impacto que o Microsoft Word causou nos anos 90, ao permitir que qualquer pessoa, com ou sem experiência, criasse documentos com uma qualidade que antes era reservada apenas para os profissionais da impressão. Hoje, a IA está fazendo algo semelhante, mas com consequências ainda maiores: ao automatizar e simplificar o processo de criação de software, ela abre caminho para um mundo onde todos, de empreendedores a artistas, podem transformar ideias em realidade digital, sem a necessidade de um diploma em ciência da computação.

Esse movimento é especialmente empolgante porque estamos vivendo uma transição inédita no desenvolvimento de software. O Software Development Lifecycle (SDLC), que antes era algo técnico, quase hermético, agora está ao alcance de pessoas sem qualquer conhecimento em programação. Ferramentas de low-code e no-code, agora ainda mais potencializadas pela IA, simplificam de tal forma que tarefas complexas viram ações intuitivas. Em vez de codificar linha por linha, estamos vendo designers, profissionais de marketing e até pequenas empresas usando essas plataformas para criar e inovar. A IA tira o peso da complexidade e libera o criador para o que realmente importa: a inovação, a resolução de problemas.

Essa acessibilidade traz um impacto econômico que não se via desde o boom da internet. Pense nas startups e nas pequenas empresas. Antes, criar uma solução digital era um projeto caro e demorado, algo que podia comprometer grande parte do orçamento. Hoje, com IA e plataformas acessíveis, uma pequena empresa pode competir com gigantes e inovar a um custo muito menor. O que vemos é uma verdadeira democratização, o que tenho chamado de “piso tecnológico” onde as barreiras econômicas se desfazem e a tecnologia se torna uma ferramenta de alcance universal, muito além dos centros de inovação e dos grandes conglomerados.

E o mais interessante é que essa transformação não pára no âmbito das empresas. O próprio mercado de trabalho está mudando. A IA está alterando as demandas por habilidades, e o que antes era um pré-requisito técnico – como a habilidade de programar – começa a se tornar um diferencial em outras áreas. O conceito de “ desenvolvedor cidadão” surge como um reflexo dessa nova realidade: pessoas que, vindas de diferentes áreas, utilizam ferramentas de desenvolvimento para resolver problemas específicos das suas funções. É o administrador que cria seu próprio sistema de gestão, o designer que programa interações sem precisar de ajuda técnica e o empreendedor que lança uma aplicação sem contratar uma equipe de TI. A tecnologia agora está se integrando naturalmente a outras profissões, quebrando o monopólio do conhecimento técnico e permitindo que qualquer pessoa com uma ideia possa executá-la.

Esse fenômeno é alimentado por plataformas que facilitam essa transição, como o Replit, que abre as portas da programação para iniciantes, e o Builder.io, que torna o design digital acessível a todos. Essas startups são parte de um movimento maior que redefine o que é “desenvolver software”. Não se trata mais de escrever códigos complexos, mas de permitir que a criação digital seja acessível a todos, independentemente de background técnico. E esse acesso cria uma concorrência saudável e acelera a inovação, ao dar voz e ferramentas para que ideias surjam e se transformem em produtos reais.

O futuro do desenvolvimento de software se torna mais dinâmico e integrado. À medida que as ferramentas de IA se sofisticam, vemos partes tradicionais do SDLC sendo automatizadas: tarefas de design, testes e até planejamento estão sendo otimizadas por modelos de IA que preveem o que será necessário e ajustam o processo de forma automática. O que era restrito e fragmentado se torna fluido e coeso, permitindo que a inovação flua sem tantos obstáculos.

É claro que nem tudo é sobre tecnologia em si. Quando falo de democratização, não estou apenas pensando no acesso às ferramentas, mas na liberdade de inovar, de resolver problemas do dia a dia sem depender de grandes equipes ou investimentos. Com a IA, essa liberdade está se tornando realidade, e isso representa uma nova fase na relação entre humanidade e tecnologia. Hoje, um pequeno empreendedor pode desenvolver uma solução personalizada sem depender de um grande orçamento, e essa acessibilidade é transformadora. Estamos entrando em uma era onde as ideias têm cada vez mais espaço, e a criação digital está, finalmente, nas mãos de todos.

Assim como a revolução da impressão permitiu que milhões de pessoas compartilhassem suas ideias, a IA aplicada ao desenvolvimento de software nos leva a um ponto de inflexão na era digital. Se pensarmos no que está por vir, em um mundo onde o desenvolvimento não é apenas para os técnicos, mas para qualquer um com visão, percebemos que estamos no limiar de uma era onde a inovação não tem dono. É um privilégio observar essa transformação em tempo real e participar dela, promovendo um cenário onde a tecnologia serve a todos, de forma prática e acessível.

Iona Szkurnik é fundadora e CEO da Education Journey, plataforma de educação corporativa que usa Inteligência Artificial para uma experiência de aprendizagem personalizada. Com mestrado em Educação e Tecnologia pela Universidade de Stanford, Iona integrou o time de criação da primeira plataforma de educação online da universidade. Como executiva, Iona atuou durante oito anos no mercado de SaaS de edtechs no Vale do Silício. Iona é também cofundadora da Brazil at Silicon Valley, fellow da Fundação Lemann, mentora de mulheres e investidora-anjo.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

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