Por que as tartarugas não conseguem sair de seus cascos? Oceanógrafo explica
Resumo: Ideia de que o animal consegue se desvincular da carapaça é mito. Estrutura rígida que serve de proteção é parte fundamental do esqueleto das diversas espécies. Casco das tartarugas faz parte de seu esqueleto
roxie_fu/iNaturalist
Você já viu uma tartaruga sair fora de um casco? Provavelmente não, e nunca vai ver. Muitas pessoas pensam que as tartarugas conseguem sair de seus cascos quando bem entenderem, mas o que elas não sabem é que o casco das tartarugas é muito mais que uma armadura protetora, é também uma parte do corpo do animal, tornando-se assim impossível a retirada dele.
“As tartarugas não podem sair de suas carapaças pois tanto a parte superior dela quanto a parte inferior compõem os ossos desses animais, como a coluna vertebral e as costelas. Da mesma forma que nós não podemos sair de dentro do nosso próprio esqueleto, elas não podem sair do dela”, explica o oceanólogo Igor Peres Puertas.
De acordo com ele, o casco das tartarugas é composto de duas partes: a parte superior, conhecida como carapaça, e a parte inferior, chamada de plastrão. A parte superior é composta pela coluna vertebral, as costelas (que são modificadas, com expansões laterais) e ossos marginais, que vão ligar as costelas. Por cima desses ossos estão os escudos (ou escamas) que dão a aparência para o casco, que são compostos de queratina, o mesmo material das nossas unhas.
Já o plastrão é composto por 4 pares de ossos: epiplastrão, hioplastrão, hipoplastrão e xiphiplastrão. Além disso, existe um osso sozinho chamado de entoplastrão. Assim como a carapaça, eles são cobertos por uma camada de escamas.
“Tanto a parte superior quanto a parte inferior são conectadas nos ossos marginais, por suturas. Essa região é chamada de crista carapacial. Então, de forma geral, o casco das tartarugas é formado por essas duas estruturas e elas são parte do esqueleto delas”, informa Igor.
Mas o que preenche esse grande espaço dentro dos cascos? Segundo o oceanólogo, entre essas estruturas da carapaça ficam o que popularmente chamamos de vísceras, ou seja, todos os órgãos, como o pulmão, coração, estomago, fígado e entre outros.
Em ambientes continentais, esses animais costumam se esconder totalmente dentro do casco para a proteção
Manuel Ruedi/iNaturalist
Acredita-se que a evolução desses ossos para formar a carapaça tenha começado a partir da modificação das costelas, para se tornarem mais espessas a princípio para facilitar e fortalecer a musculatura de animais cavadores. A função de proteção do casco viria a ser uma característica secundária do ponto de vista evolutivo das tartarugas.
“Conforme o animal vai crescendo, o casco cresce junto. Os ossos vão se espalhando e se tornando maiores e cada vez mais fundidos uns aos outros, tanto no plastrão quanto na carapaça. Esse processo ocorre da mesma forma que ocorre com nós seres humanos, em que camadas de cálcio vão se depositando conforme o animal vai se tornando mais velho e isso faz com que os ossos vão aumentando de tamanho”, explica Igor.
O fóssil mais antigo conhecido que apresenta essas características pertence a um animal chamado Eunotosaurus africanus. Essa espécie viveu cerca de 260 milhões de anos atrás, na região do sul da África.
Outro fóssil encontrado, que já apresentava a fisionomia mais parecida com a das tartarugas que conhecemos hoje, é da espécie Odontochelys semitestacea, que viveu há 220 milhões de anos, e possuía costelas largas e a presença de uma placa dérmica na barriga para a proteção.
Proteção
“O casco das tartarugas vão ser o principal sistema de defesa desses animais, tanto nos ambientes terrestres quanto aquáticos, pois essa estrutura é rígida e difícil de partir, se tornando um escudo contra os predadores”, diz o especialista.
Em ambientes continentais (terrestres e de água doce), esses animais costumam se esconder totalmente dentro do casco para a proteção. No ambiente marinho, no entanto, as tartarugas não conseguem se esconder totalmente dentro do casco, requerendo ao uso de manobras para que dificulte que algum predador as ataque.
Tartarugas utilizam manobras em ambientes marinhos para evitar ataques de predadores
daviles/iNaturalist
Assim como o resto do corpo das tartarugas, possíveis ferimentos na carapaça são curados através da cicatrização. Em relação a condições de saúde, a falta de uma alimentação balanceada pode levar ao déficit nutricional, causando a má formação e desenvolvimento de partes do casco.
Curiosidades e mitos
Na visão de Igor, o principal mito popular atrelado à carapaça das tartarugas é de que elas não sentem nenhuma sensibilidade na casca, além também do fato delas poderem sair de seus cascos a qualquer momento.
“A maior parte das pessoas acham que as tartarugas não sentem nada no casco por ser uma estrutura rígida, mas a realidade é que, por baixo carapaça existe uma camada de pele e por tanto, esses animais sentem quando algo toca a carapaça. Por tanto, ao se deparar com uma tartaruga, devemos tomar cuidado com a carapaça também, para que não cause dor ao animal”, diz o oceanólogo.
*Texto sob supervisão de Ananda Porto
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roxie_fu/iNaturalist
Você já viu uma tartaruga sair fora de um casco? Provavelmente não, e nunca vai ver. Muitas pessoas pensam que as tartarugas conseguem sair de seus cascos quando bem entenderem, mas o que elas não sabem é que o casco das tartarugas é muito mais que uma armadura protetora, é também uma parte do corpo do animal, tornando-se assim impossível a retirada dele.
“As tartarugas não podem sair de suas carapaças pois tanto a parte superior dela quanto a parte inferior compõem os ossos desses animais, como a coluna vertebral e as costelas. Da mesma forma que nós não podemos sair de dentro do nosso próprio esqueleto, elas não podem sair do dela”, explica o oceanólogo Igor Peres Puertas.
De acordo com ele, o casco das tartarugas é composto de duas partes: a parte superior, conhecida como carapaça, e a parte inferior, chamada de plastrão. A parte superior é composta pela coluna vertebral, as costelas (que são modificadas, com expansões laterais) e ossos marginais, que vão ligar as costelas. Por cima desses ossos estão os escudos (ou escamas) que dão a aparência para o casco, que são compostos de queratina, o mesmo material das nossas unhas.
Já o plastrão é composto por 4 pares de ossos: epiplastrão, hioplastrão, hipoplastrão e xiphiplastrão. Além disso, existe um osso sozinho chamado de entoplastrão. Assim como a carapaça, eles são cobertos por uma camada de escamas.
“Tanto a parte superior quanto a parte inferior são conectadas nos ossos marginais, por suturas. Essa região é chamada de crista carapacial. Então, de forma geral, o casco das tartarugas é formado por essas duas estruturas e elas são parte do esqueleto delas”, informa Igor.
Mas o que preenche esse grande espaço dentro dos cascos? Segundo o oceanólogo, entre essas estruturas da carapaça ficam o que popularmente chamamos de vísceras, ou seja, todos os órgãos, como o pulmão, coração, estomago, fígado e entre outros.
Em ambientes continentais, esses animais costumam se esconder totalmente dentro do casco para a proteção
Manuel Ruedi/iNaturalist
Acredita-se que a evolução desses ossos para formar a carapaça tenha começado a partir da modificação das costelas, para se tornarem mais espessas a princípio para facilitar e fortalecer a musculatura de animais cavadores. A função de proteção do casco viria a ser uma característica secundária do ponto de vista evolutivo das tartarugas.
“Conforme o animal vai crescendo, o casco cresce junto. Os ossos vão se espalhando e se tornando maiores e cada vez mais fundidos uns aos outros, tanto no plastrão quanto na carapaça. Esse processo ocorre da mesma forma que ocorre com nós seres humanos, em que camadas de cálcio vão se depositando conforme o animal vai se tornando mais velho e isso faz com que os ossos vão aumentando de tamanho”, explica Igor.
O fóssil mais antigo conhecido que apresenta essas características pertence a um animal chamado Eunotosaurus africanus. Essa espécie viveu cerca de 260 milhões de anos atrás, na região do sul da África.
Outro fóssil encontrado, que já apresentava a fisionomia mais parecida com a das tartarugas que conhecemos hoje, é da espécie Odontochelys semitestacea, que viveu há 220 milhões de anos, e possuía costelas largas e a presença de uma placa dérmica na barriga para a proteção.
Proteção
“O casco das tartarugas vão ser o principal sistema de defesa desses animais, tanto nos ambientes terrestres quanto aquáticos, pois essa estrutura é rígida e difícil de partir, se tornando um escudo contra os predadores”, diz o especialista.
Em ambientes continentais (terrestres e de água doce), esses animais costumam se esconder totalmente dentro do casco para a proteção. No ambiente marinho, no entanto, as tartarugas não conseguem se esconder totalmente dentro do casco, requerendo ao uso de manobras para que dificulte que algum predador as ataque.
Tartarugas utilizam manobras em ambientes marinhos para evitar ataques de predadores
daviles/iNaturalist
Assim como o resto do corpo das tartarugas, possíveis ferimentos na carapaça são curados através da cicatrização. Em relação a condições de saúde, a falta de uma alimentação balanceada pode levar ao déficit nutricional, causando a má formação e desenvolvimento de partes do casco.
Curiosidades e mitos
Na visão de Igor, o principal mito popular atrelado à carapaça das tartarugas é de que elas não sentem nenhuma sensibilidade na casca, além também do fato delas poderem sair de seus cascos a qualquer momento.
“A maior parte das pessoas acham que as tartarugas não sentem nada no casco por ser uma estrutura rígida, mas a realidade é que, por baixo carapaça existe uma camada de pele e por tanto, esses animais sentem quando algo toca a carapaça. Por tanto, ao se deparar com uma tartaruga, devemos tomar cuidado com a carapaça também, para que não cause dor ao animal”, diz o oceanólogo.
*Texto sob supervisão de Ananda Porto
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