Roberto Perosa Assume a Abiec, a Associação que Representa US$ 13 bi em Exportação de Carne Bovina
Resumo: Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Novo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Carne Bovina concedeu, na manhã desta sexta-feira, uma entrevista exclusiva à Forbes; Confira
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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Trocou de mãos, no início da noite desta quinta-feira (12), o comando da poderosa Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), entidade que reúne 43 grupos exportadores que dominaram um comércio global de carne bovina da ordem de US$ 10,5 bilhões em 2023 e que em 2024 deve chegar próximo de US$ 13 bilhões, o maior do mundo. O advogado Roberto Serroni Perosa, 46 anos completados em 30 de outubro, mesmo mês em que deixou a secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), depois de 21 meses no cargo, assume o posto deixado pelo médico veterinário Antonio Camardelli, na Abiec desde outubro de 2010.
Somente o bloco de países asiáticos já comprou do Brasil neste ano US$ 5,6 bilhões em produtos bovinos; dos países árabes vieram outros US$ 1,5 bilhão. Mas interessa a nomes como JBS, Marfrig, Minerva, Frigol, Plena, Frisa, Prima, Barra Mansa, Argus e outros, o aumento do número de mercados e também a abertura de mercado a novos produtos. Lembrando que cada tipo de carne ou corte, ou insumo, precisa de especificações técnicas separadas. Quando essa lista aumenta é sinal de abertura de novos mercados, e nisso Perosa é um craque. Desde que saiu do Mapa, seu nome era falado à “boca miúda” como ideal para o cargo.
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Em fevereiro, Perosa embarca para sua primeira viagem como presidente da Abiec. “Há quatro principais mercados que a gente ainda não tem acesso, que é a Turquia, a Coreia do Sul, o Vietnã e o Japão. São mercados que representam 30% do comércio global de carne bovina”, disse ele em entrevista exclusiva à Forbes, na manhã desta sexta-feira (13).
Perosa vai ao Japão, depois ao Vietnã e termina a peregrinação em Dubai, a Gulfood 2025, que acontece entre os dias 17 e 21 de fevereiro. Ela é uma das maiores feiras internacionais de alimentos e bebidas do mundo, realizada anualmente nos Emirados Árabes Unidos, reunindo empresas, produtores, distribuidores e compradores globais para apresentar inovações, lançar produtos e estabelecer parcerias comerciais.
É uma demanda do conselho da entidade a linha de trabalho do novo presidente, de uma Abiec mais robustecida em dois aspectos. “Um deles é o grande desafio de fortalecer a marca da carne brasileira no exterior. O outro é internacionalizar a entidade”, diz Perosa. “Queremos abrir três escritórios no exterior, um na China, outro em Bruxelas como sede da Europa e outro nos Estados Unidos, que é um mercado importante para o Brasil”. Hoje, a Abiec tem escritório em São Paulo, onde está a sede, e em Brasília.
Essas ações podem dar um empurrão em uma demanda vista como reprimida e que deve ser atendida mais rapidamente. Para a carne bovina as importações são imediatas, ao contrário de muitos outros produtos com mercado aberto, mas que precisam de um tempo para protocolos fitossanitários, por exemplo. “O mundo é sedento por importar carne brasileira, pela sua qualidade e pelo tema da sustentabilidade.”
O Brasil tem hoje uma competitividade pouco vista no mundo. Por exemplo, o Japão compra 80% da carne que consome da Austrália e dos EUA, por um preço médio da ordem de US$ 8.000 por tonelada. “O Brasil vende por US$ 5.000 a mesma carne, ou até melhor. Quando a carne brasileira acessa um mercado é muito discrepante a competição. Claro que isso nos causa alguns problemas, por exemplo restrições de mercado pela União Europeia”, afirma Perosa. “Mas a gente quer atuar nesses países que são produtores e países que não são produtores, por meio de parcerias, atendendo mais a indústria. Não queremos atrapalhar o varejo de ninguém.” O executivo dá como exemplo os Emirados Árabes, que não têm produção local e aí o Brasil entra suprindo os mercados, enquanto nos mercados com produção local a meta é ser parceira em agregação por meio de parcerias com as indústrias locais.
É uma linha de trabalho muito próxima e afinada com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), organismo governamental, da qual a Abiec é parceria. A entidade passa, que até agora participava de cinco grandes feiras internacionais, vai avançar para 15 feiras. Perosa era, durante seu seu trabalho no Mapa, também conselheiro na Apex. “Mas isso não tira nosso propósito de cria uma feira nacional, para que a gente possa atrair compradores internacionais para o Brasil”, afirma ele. Já há conversas com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em se juntar definitivamente ao Salão Internacional de Proteína Animal (Siavs), que ocorre a cada dois anos em São Paulo e no qual a Abiec tem participado como entidade convidada. O próximo evento será em 2026.
Da Origem na Roça à Carne para o Mundo
Mas quem é Roberto Serroni Perosa? “Minha família sempre foi ligada ao agronegócio. Meu pai e meu avô tinham máquina de café. Meu avô foi precursor de uma de uma variedade de café da nossa região (São José do Rio Preto). Vivi na fazenda, que depois veio de herança quando meu pai faleceu (a fazenda fica em Urupês).” Hoje, ela tem cana-de-açúcar arrendada e gado próprio, que Perosa diz ser uma atividade mais de prazer que negócio.
Perosa se mudou para São José do Rio Preto (SP) em 1997, ainda durante a faculdade de direito, passou por grandes empresas da região, como a Rodobens, até ser convidado para trabalhar na francesa Tereos, uma gigante de cana-de-açúcar. Não em sua especialidade, direito, mas em relações governamentais, onde permaneceu por 15 anos. Se tornou amigo de Bruno Covas (foram padrinhos de casamento um do outro), e convidado para trabalhar na prefeitura da capital, onde ficou até a morte de Covas, em maio de 2021.
“Quando meu amigo faleceu, minha missão havia acabado, porque fui para o governo para ajudá-lo”, afirma. “Meu compromisso era com o Bruno, até porque o serviço público demanda muita coisa da gente. Eu vinha da iniciativa privada, com outro mindset e na mesma época recebi o convite da Orplana ( Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) e gosto muito desse ambiente de entidades, cooperativas”, diz ele. Mas a política não veio somente daí. O pai de Perosa foi deputado constituinte em 1986, um dos responsáveis pela elaboração da atual Constituição do país.
A sugestão de seu nome ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) veio por meio do vice-presidente Geraldo Alckmin, que além de Pedrosa indicou apenas outras duas pessoas do seu entorno ao atual governo federal. “Estava no dia 25 de dezembro em Orlando com a família, quando recebi um telefonema do Alckmin. Dia 26 estava em Brasília. O ministro Carlos Fávaro é um personagem encantador. Disse que iríamos fazer coisas transformadoras. Eu decidi na hora que voltaria ao serviço público”, afirma. Perosa visitou 42 países em 21 meses e esteve à frente de boa parte dos 300 mercados abertos que o atual governo federal está prestes a anunciar para a atual gestão.
“O que é maravilhoso no serviço público é a diversidade. Tratei de borracha, laranja, carne bovina, de aves e suínos, mais farinhas, milho, soja. Ter a visão dessa diversificação e poder influenciar o rumo”, diz Perosa. “E tem o lado da dedicação, que fica muito acima dos limites normais, inclusive da iniciativa privada. Porque os recursos são poucos e limitados e você precisa convencer as pessoas a irem com você. Nós tínhamos uma área internacionalprejudicada pelo contexto geral do governo anterior. Mas o viés do atual governo é internacionalista. O governo Lula quer abrir o mundo, participar de tudo no mundo e isso facilitou nosso trabalho”, diz ele. “Na Abiec agora tenho muito trabalho pela frente e estou bem animado para fazer isso.”
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