Pix se Consolida no Brasil, Abocanha Mercado de Débito e Avança Fronteiras
Resumo: Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Meio de pagamento é o mais utilizado por brasileiros e tende a crescer com a sua disponibilidade via NFC
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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Criado pelo Banco Central em 2016, e lançado em 2020, o Pix vem em uma crescente no Brasil e é o meio de pagamento mais utilizado no país. Segundo o BC, 76,4% da população já é adepta da tecnologia. Um crescimento muito mais rápido e massivo do que qualquer outra inovação nos meios de pagamento atráves dos tempos. Em 2024, fora realizadas 63,51 milhões de transações, movimentando R$ 26,455 trilhões. Fatores como praticidade, gratuidade e inclusão financeira explicam o seu sucesso e o fato de ser uma alternativa conveniente ao dinheiro físico, cartão de débito e boletos.
Apesar de seguro, a credibilidade do Pix foi abalada recentemente por informações falsas que afirmavam que o governo planejava uma taxação dos valores negociados pela tecnologia. Na primeira quinzena do mês, o pagamento instantâneo movimentou 2,29 bilhões de transações que somadas chegaram a R$920 milhões. Se comparado com o mesmo período de dezembro de 2024, a queda foi de 15,3%, quando foram registradas 2,7 milhões de operações financeiras do gênero, que renderam R$1,12 trilhão. A recuperação veio na segunda quinzena, quando 1,923 bilhões de transferências foram feita pelo serviço do BC.
Diante das inovações e com a disponibilização do Pix por aproximação, especialistas acreditam que o uso da tecnologia deve crescer, tomando parte do mercado de cartão de débito e boleto. Ao mesmo tempo, instituições financeiras inovam e já oferecem a modalidade por crédito, algo que a autarquia monetária ainda trabalha para oferecer ao público. Já o Pix recorrente, que ainda não foi lançado, deve substituir o uso do cartão de crédito — uma das únicas formas de pagamento que ainda não perderam espaço para a tecnologia.
Explicações para o sucesso
Diferentemente de outros países, a inserção de pagamento instantâneo no Brasil partiu de um banco central, que também é um órgão regulador. Marcelo Sá, Chief Business Officer do Grupo Braza Bank considera que isso foi um fator vantajoso para o país. “Nos Estados Unidos, o FedNow enfrenta o desafio de que cada estado possui uma forma diferente de operar e defende seus próprios padrões. Em Portugal, a iniciativa foi de uma empresa privada”, explica.
Em seu primeiro ano operando, o pagamento instantâneo brasileiro atingiu 46% da população. Para Felipe Soria, head de estratégia de negócios regulados do Mercado Pago, a pandemia de covid-19 acelerou o processo de crescimento do Pix. “Essa tecnologia foi lançada no final de 2020, alguns meses após o vírus chegar ao Brasil. Naquele período, a gente não sabia se o dinheiro era um vetor da doença ou não, então havia uma forte necessidade de digitalizá-lo”, explica.
Para ele, o produto oferecido pelo BC é bastante sólido. “Eu considero o Pix algo revolucionário no aspecto tecnológico e de experiência do cliente. Ele também foi fundamental na democratização bancária”. Na avaliação de Sá, o serviço busca sempre sanar as dores do mercado financeiro, justamente pelo fato de ser um produto com acesso e controle centralizado.
Cristina Helena Pinto de Mello, professora da PUC de São Paulo, lembra que antes do Pix, as transferências eram realizadas por TED e DOC, que tinham custo de manutenção “muito pesadas”. “O serviço do BC além de não cobrar nada, também não exige valor mínimo para transferência. Basta você ter uma conta poupança para utilizá-la”, aponta. “Inicialmente ele foi uma solução para transação bancária, só que a facilidade de uso mostrou que ele também seria interessante para pagamentos”, completa Mello.
Com a disponibilização do Pix por aproximação, o head do Mercado Pago acredita que o uso do QR Code possivelmente migrará para o formato NFC. Além disso, ele e outros entrevistados ouvidos pela Forbes consideram que, por se tratar de uma operação sem custos, a tendência é que o cartão de débito perca espaço. O fenômeno deve se acentuar com a chegada do Pix automático, previsto para ser lançado ainda neste ano, em junho. Para Renan Basso, diretor e fundador da MB Labs, mesmo que ganhe mais mercado, os cartões não devem ser extintos, por oferecerem diferentes benefícios, como milhas ou descontos, algo que o Pix ainda não tem.
No entanto, quando se trata do cartão de crédito, os entrevistados são unânimes: ainda é algo incerto. Tanto para Basso quanto para Sá, o Pix parcelado — solução disponível mais próxima do cartão de crédito — oferece pouco controle financeiro. “Enquanto o cartão de crédito, você tem o monitoramento simultâneo no aplicativo do seu banco e sabe exatamente quando terá que pagar, o Pix parcelado funciona mais como um carnê para cada compra”, explica o CBO do Braza Bank.
Algo que teria uma dinâmica de funcionamento igual à do cartão de crédito seria o Pix Garantido. Ainda de acordo com Sá, os riscos dessa transação são assumidos pelo banco. No entanto, diferentemente do que acontece no pagamento com crédito, não há uma taxa sobre o valor a ser pago para o lojista, ou seja, a instituição financeira não tem garantias.
De acordo com levantamento feito pela Nuvei, no Brasil, o método de pagamento mais utilizado no e-commerce durante 2023 foi o de cartão de crédito, com 39% do total, número ligeiramente superior ao pagamento instantâneo do BC, que representou 33% dessas transações. Por outro lado, até 2027, a empresa acredita que o cenário pode mudar e o Pix corresponderá a pelo menos metade dos pagamentos online.
Tecnologia pelo mundo
Algumas empresas brasileiras também estão levando o Pix para outros países, especialmente aqueles que possuem alto índice de turistas e/ou moradores brasileiros. São os casos da PagBrasil, Braza Bank e Mercado Pago, que por meio de suas plataformas, oferecem a integração do pagamento brasileiro com o lojista no exterior. Além desse tipo de serviço, a PagBrasil também viabiliza o Pix para estrangeiros utilizarem no Brasil através do Pix Roaming. A empresa avalia implementar a mesma tecnologia no Chile, Espanha, Estados Unidos, Peru e Portugal.
Já o Braza Bank tem maior concentração de suas operações no Paraguai, especialmente na fronteira com o Brasil, mas também atua em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, a empresa opera através das lojas dropshipping, que gerenciam o pagamento e o atendimento, mas a solicitação do produto e a entrega ficam por conta do fornecedor. Na Europa, a instituição financeira está crescendo aos poucos, com foco principal em Portugal. Para não esbarrar em alguma regulação, a companhia optou por inserir a solução de pagamento por meio de empresas adquirentes, as famosas maquininhas.
Em países vizinhos, alguns comerciantes optam por ter uma conta bancária no Brasil. Sá destaca que na Argentina, o fenômeno é mais recorrente por conta da situação econômica do país. “Muitos lojistas argentinos compram no Brasil, então, receber em reais é uma boa vantagem”, explica. No entanto, ele pondera que o fenômeno tende a ser elástico, porque embora pareça vantajoso, pode não ser a melhor estratégia para todo tipo de negócio. Além disso, haverá um momento em que esse tipo de transação precisará ser regulada pelo país em que o comerciante opera.
Os primos do Pix
O Brasil não é o único que possui um sistema de pagamento instantâneo, África do Sul, Índia, Portugal, México, Japão, Reino Unido, entre outras nações, têm suas plataformas. Em muitas dessas localidades, o serviço não foi oferecido pelo órgão regulador, mas sim por alguma instituição privada. A professora da PUC destaca que embora o funcionamento de cada uma delas seja semelhante ao do Pix, nenhuma é como o pagamento instantâneo brasileiro. “A gente tem um sistema financeiro ágil, robusto, tecnológico, muito em função do processo inflacionário”, explica Mello.
No caso de Portugal, a oferta do serviço é pelo MB Way. O serviço é integrado a um cartão, onde as transações realizadas de forma simultânea são debitadas. Diferentemente do Pix, ele possui apenas uma chave, o celular; e, em transações online, o usuário precisa apenas inserir seu número de telefone para receber uma notificação push e definir de qual cartão quer fazer a operação.
No entanto, o precursor da tecnologia é o Quênia. Em 2007, a empresa de telecomunicações Safaricon resolveu lançar uma ferramenta que ampliava o sistema de transferências de crédito de celular. A maioria da população não era bancarizada, enquanto 27% dos quenianos tinham celular ativo ou acesso a um aparelho. A tecnologia, chamada de M-Pesa, possibilita a integração de uma carteira digital ao SMS. Dessa forma, é possível não apenas fazer transferências, mas depósitos e saques através do crédito pré-pago. O país tem espalhado diversos quiosques da M-Pesa, equivalente a um caixa eletrônico, mas que possui pessoas atendendo.
Quando se trata da possibilidade de existir um sistema de pagamento instantâneo globalizado, os entrevistados consideram que ainda é muito cedo para isso, já que cada país possui o seu próprio regulamento bancário e sistemas de pagamento. Por outro lado, o surgimento de moedas eletrônicas pode facilitar esse processo, pela possibilidade de realizar pagamentos internacionais. Para o CBO do Braza Bank, essa digitalização tende a encontrar um caminho comum para ter interoperabilidade.
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