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Por Que a Guerra Comercial dos EUA Favorece as Vendas de Soja do Brasil

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Resumo: Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Os dois países juntos respondem por cerca de 85% das exportações globais do grão, uma concentração impressionante sob qualquer padrão
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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

Traders experientes de commodities sabem que a intervenção governamental em mercados livres cria oportunidades. Um exemplo clássico está ocorrendo agora com a imposição de novas tarifas chinesas sobre a soja e outros produtos agrícolas. As tarifas foram impostas na segunda-feira (10) pelo maior comprador de soja do mundo, a China, ao segundo maior exportador de soja do mundo, os Estados Unidos.

Os mercados globais de soja são únicos porque existem apenas quatro exportadores grandes o suficiente para serem relevantes no mercado do grão não processado: Brasil, Estados Unidos, Paraguai e Argentina. Esses quatro exportadores só deixam para os demais 8% do volume total do mercado mundial de exportação de soja. Mas são o Brasil e os Estados Unidos juntos que respondem por cerca de 85% das exportações globais de soja, uma concentração impressionante sob qualquer padrão.

Do lado da importação, há muitos compradores de soja, mas nenhum se compara à China. De acordo com o relatório World Agricultural Supply and Demand, do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), os chineses compram quase 60% do total das exportações de soja de todos os países exportadores combinados. Visto de outra maneira, a China precisa de tanta soja não processada que compra de praticamente todos os grandes exportadores do planeta. Os dois maiores exportadores, Brasil e Estados Unidos, são os principais fornecedores da China e continuarão sendo, com ou sem guerra tarifária. No fim das contas, o que importa é a oferta disponível, não as tarifas.

Isso porque a China precisa da soja de todos e, em algum momento, terá que comprar dos Estados Unidos. É aí que surge a oportunidade para os traders mais hábeis de commodities. Vale registra que essa situação já foi vista antes, em 2018 e 2019, durante a primeira guerra comercial com a China, e não há razão para pensar que a história não se repetirá, pelo menos em grande parte.

Naquela época, os compradores chineses de soja evitaram a soja dos EUA e recorreram ao Brasil como sua principal fonte de fornecimento. Mas o Brasil vende muita soja para muitos países e, quando os estoques brasileiros de soja começaram a diminuir, a China voltou-se para os Estados Unidos.

Durante todo esse período, os preços no país reagiram de forma racional. Inicialmente, quando a guerra comercial se intensificou e a China se afastou da soja dos EUA, os preços da soja por lá caíram até perto do seu custo de produção, de aproximadamente US$ 9 por bushel. Quando os chineses voltaram em peso ao mercado estadunidense em 2020, os preços da soja no país começaram a subir e atingiram US$ 16 por bushel em 2021.

Os mercados de soja de hoje não são muito diferentes dos da guerra comercial de 2018-2019. Atualmente, os preços da soja estão girando em torno de US$ 10 por bushel, cerca de 10% acima do seu ponto de equilíbrio de US$ 9.

Com os compradores chineses reagindo às novas tarifas impostas pela China sobre a soja dos EUA e voltando-se para o Brasil como sua principal e mais barata fonte de fornecimento, os preços da soja dos EUA devem se aproximar de seus custos de produção.

Os vendedores de soja dos EUA nos níveis de preço atuais podem obter algum lucro, mas os agricultores sentirão a pressão por um tempo, operando com margens muito estreitas e contando com possíveis programas de assistência do governo para ajudá-los a superar a crise.

Mas, eventualmente, o Brasil poderá ficar sem produto para vender. O que significa que, neste momento, a China e vários outros países atenderão às suas necessidades de compra de soja adquirindo dos Estados Unidos. Os preços da soja provavelmente seguirão o padrão usual, oscilando ao redor da marca de US$ 9 por bushel, até que as compras chinesas e outras forças naturais do mercado impulsionem os preços novamente.

Esse é um padrão que se repete do ponto de vista dos preços e do ponto de vista da intervenção governamental. Historicamente, os preços têm um limite de queda muito restrito quando qualquer commodity atinge seu ponto de equilíbrio nos custos de produção.

Esse padrão de preços é ainda mais acentuado no caso de intervenções tarifárias; as tarifas aceleram a queda dos preços para o nível de equilíbrio da commodity tarifada – neste caso, a soja dos EUA. No entanto, por causa da singularidade do mercado global de soja, a demanda pelo grão dos EUA é adiada, mas não eliminada.

Pode-se esperar que os preços dos EUA caiam em direção ao seu custo de produção de US$ 9 por bushel como reação às novas tarifas chinesas. Mas, à medida que isso acontece, outros compradores que não são chineses entrarão no mercado e suprirão suas necessidades de compra com soja dos EUA, proporcionando algum suporte aos preços. E se o Brasil ficar sem soja para vender à China, os chineses comprarão dos EUA também. Esse é um comportamento de mercado que já vimos antes, e há poucas razões para pensar que o padrão não se repetirá desta vez.

*Sal Gilbertie é colaborador da Forbes EUA e acompanha o mercado de commodities há quatro décadas de experiência em mercados de commodities agrícolas e de energia física e derivada.

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