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Rússia sinaliza positivamente ao cessar-fogo, mas apresenta condições

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Resumo: Após a confirmação da delegação ucraniana na Arábia Saudita para pausa nas hostilidades, russos se manifestam pela primeira vez de forma positiva, mas demandas específicas podem atrasar o processo de paz 

As últimas semanas foram extremamente intensas no cenário de negociações em busca de um desfecho diplomático para a Guerra na Ucrânia. Desde a quebra completa de protocolos na discussão do Salão Oval, até as reuniões na Arábia Saudita, muito mudou em pouco tempo, mas para todos os efeitos, apenas a Rússia ainda não tinha se pronunciado. Após visitar a região de Kursk, invadida pelo exército de Kiev em julho de 2024, o presidente Vladmir Putin, encontrou seu aliado de longa data, o autocrata bielorrusso, Alexander Lukashenko e respondeu alguns questionamentos da imprensa. A possibilidade de se assinar um cessar-fogo foi o tema principal, e Putin respondeu de maneira pragmática, dizendo receber positivamente a proposta, mas ressaltando que muitos detalhes precisam ser discutidos mais profundamente com os americanos.

As demandas colocadas por Moscou são muitas, e seguem cirurgicamente a conquista de todos os objetivos revisados desta guerra. A Rússia exige a manutenção de todos os territórios conquistados nos quatro oblasts ao sudeste da Ucrânia, Donetsk, Luhansk, Zaporizhia e Kherson. A problemática, todavia, passa pela falha em se conquistar 100% de todos esses territórios pela via militar. Dos quatro territórios citados acima, apenas Luhansk é controlado completamente pelos russos, todos os demais, são controlados ainda de 25-30% pelas tropas ucranianas, incluindo muitas das cidades mais populosas e industriais das respectivas regiões. Ao demandar no papel, o que não alcançou no campo de batalha, Moscou, dificulta a criação de qualquer consenso acerca da nova configuração territorial da Ucrânia.

Considerando ainda as fronteiras, os ucranianos que invadiram o oblast russo de Kursk, controlam cerca de 200 km², concedendo a Kiev certo poder de barganha em uma mesa de negociação. O presidente Putin, sabe muito bem, que qualquer vantagem nas mãos dos ucranianos no aspecto territorial, pode colocar em risco o seu sucesso de dominar formalmente todos os oblasts que deseja. Neste contexto, analistas militares europeus apontam que, Putin joga por mais tempo, enquanto suas tropas recuperam toda a região de Kursk e impossibilitam Zelensky de apresentar qualquer demanda territorial factível.

Outro ponto inegociável para os russos é a desistência definitiva da entrada ucraniana na OTAN, dizendo que essa questão foi crucial para o início da guerra e será fundamental para seu desfecho. Considerando que a OTAN, composta atualmente por 32 membros necessita de uma aprovação unânime de novas nações agremiadas, tudo indica que a mudança ideológica dos Estados Unidos, automaticamente anularia qualquer chance de Kiev fazer parte da aliança militar ocidental. Para os russos, a resolução deste problema se deu muito mais pela escolha dos norte-americanos ao eleger Trump, do que pelo seu poder de dissuasão militar com a invasão da Ucrânia. Nestes últimos dois meses a maior vantagem geopolítica e militar dada a Moscou não parte das estratégias de seus generais ou da bravura de seus soldados, mas das decisões e falas provenientes da Casa Branca.

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A Rússia também questiona a efetividade e a necessidade de um cessar-fogo de apenas 30 dias, argumentando que neste período pouco seria resolvido e a possiblidade de rearmamento do exército ucraniano é grande. Ao longo da história militar recente é costumeiro que acordos de cessar-fogo tenham uma duração limitada inicialmente, para não apenas testar a boa fé dos dois beligerantes, mas também para poder encaminhar negociações mais robustas e complexas durante um período de paz. Ao exigir o fim imediato, definitivo e incondicional da guerra em seus próprios termos, a Rússia propõe uma rendição informal da Ucrânia e não um cessar-fogo aos moldes do que conhecemos. Tudo indica que as próximas semanas serão cruciais no mundo militar e diplomático, para que se possa vislumbrar um desfecho realizável e concreto para a guerra no Leste Europeu.

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