Resumo: Foi ao ar hoje (22) o sétimo e penúltimo episódio da série Under The Bridge, transmitida pela plataforma de streaming Hulu. Ou seja, resta apenas mais uma episódio dessa série. Saiba tudo o que aconteceu em Under The Bridge S01E07! Recapitulação do…
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Foi ao ar hoje (22) o sétimo e penúltimo episódio da série Under The Bridge, transmitida pela plataforma de streaming Hulu. Ou seja, resta apenas mais uma episódio dessa série. Saiba tudo o que aconteceu em Under The Bridge S01E07!

Recapitulação do episódio 06 de Under The Bridge

No episódio anterior de Under The Bridge, Rebecca, ao acordar e voltar da “brisa” do ácido, conversa com Warren a fim de convencê-lo a contar tudo que sabe para Cam e ele também conta para Rebecca o que aconteceu e sua cota de participação nisso. Rebecca tenta convencer Cam a escutar Warren e fazê-lo testemunha, dizendo que ele é inocente. Vimos em um flashback que Reena rompeu com Jo e Kelly. A dirigente do abrigo descobre a carta que Reena confessa que mentiu sobre o pai e a informa disso. Em uma ação coordenada, Rebecca prende Warren no meio da festa e outros policiais prenderam os demais envolvidos no caso. Cam e Rebecca brigam por conta de suas posições divergentes a respeito da prisão de Warren.

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Review de Under The Bridge S01E07

Logo no início do episódio é mostrado uma reportagem na TV sobre o caso, sobre a prisão dos adolescentes que participaram do crime e uma fala de Rebecca ao repórter, dizendo que não há muita evidência sobre a participação de Warren, o que irrita os policiais e desgosta Cam.

Um ponto importante é que descobrimos que, no dia que ocorreu o crime, Warren descobre através de uma ligação do pai que eles serão despejados, por falta de pagamento. O pai está em outra cidade, casou com outra pessoa e parece não se importar tanto com a situação dele. É uma situação de vulnerabilidade social e isso o angustia.

Depois, vemos um pouco dos jovens dentro do centro de detenção para menores. Warren e Dusty parece ser os únicos que se sentem mal por terem feito o que fizeram, que nutrem algum sentimento de culpa.

A namorada de Warren pula fora da cidade e não vai depor, o que complica para a polícia, pois eles precisam de uma testemunha mais substancial. Dusty entra na mira, pois ela fez aquele falso depoimento sobre a culpa de Warren (em que ele teria feito tudo). Cam é incumbida de falar com Dusty.

Cam vai falar sobre Dusty testemunhar e abre o jogo: se ela falar a verdade, poderá receber uma pena por ter mentido no depoimento para a polícia. Se ela for ao tribunal e permanecer com a mentira, pode ser acusada de perjúrio e receber uma pena maior também. Dusty afirma que quer fazer o certo por Reena.

Há duas cenas muito importantes que se passam no centro de detenção de menores: a da conversa de Warren com Dusty e a visita dos pais de Kelly e seu respectivo advogado. Na conversa de Warren com Dusty, ela sabe que ele nutre sentimentos de culpa pelo que fez e afirma que o que ajudou-a tentar obter ao menos um mínimo de paz de espírito foi admitir para si mesmo a culpa dela no ocorrido, assumir que foi uma péssima amiga, que participou de um crime, enfim, assumir o erro.

Warren, de certa forma, mentiu para Rebecca. No entanto, ele resiste demais a ideia de assumir de fato que fez algo horrível, apesar de se sentir culpado. Ele busca encontrar subterfúgios para reduzir sua participação no caso, mas ele o fez.

Dusty não precisará depor, Cam deu um jeito de invalidar o testemunho. Ela sabe que, além da vulnerabilidade social enfrentada por Dusty, ela é uma pessoa negra e seu julgamento não será justo devido a esse sistema racista.

A segunda cena importante foi a visita dos pais de Kelly com o advogado, lá na detenção. Vemos que Kelly não sente nem um pingo de remorso, nem uma gota sequer de culpa, pelo contrário. Ela quer arrumar meios de sair dali da detenção e, quem sabe, até se safar da acusação. Posteriormente, ela caça confusão com outras duas jovens que estão detidas ali e acaba instigando uma delas a bater nela. Mas isso é justamente isso que ela queria, pois serviria como brecha para ela sair dali e ser julgada em liberdade.

É impressionante a atuação da jovem que faz o papel de Kelly, pois consegue transmitir toda a frieza e sadismo da personagem. As atitudes de Kelly beiram a psicopatia, deixando todos estarrecidos, ainda que saibamos que não há limites para a maldade humana. Fica escancarado também não apenas o privilégio branco, mas também o privilégio de classe, afinal, Kelly é de família abastada e influente e sabemos como os mais ricos são privilegiados por esse sistema excludente.

O pai de Rebecca dá um toque para ela, mostrando que o livro não fala de Reena, que ela está evitando o assunto, que está excessivamente focada em Warren. O livro vai tratar do caso, mas Reena não está presente em quase nenhum momento do que ela escreveu. Ela vai conversar com os pais de Reena, para poder obter mais elementos a respeito da garota e os pais de Reena chamam a atenção dela para esse fato também.

Oras, esse é um ponto de vital importância: como é possível Rebecca escrever um livro sobre o caso de Reena, mas não falar dela, não saber quase nada sobre ela? Ela usa o subterfúgio de que uma professora de Reena ter dito que Reena era sozinha. Mas, veja bem, ela tinha outras possibilidades e meios para saber mais sobre Reena, falar dela, contar a história dela. A “protagonista” da história, a vítima do caso está sendo deixada de lado, em prol de outras pessoas, outros detalhes.

Uma jovem não-branca, de ascendência indiana, é brutalmente agredida e depois morta, num óbvio crime de ódio e Rebecca evitar falar da garota é extremamente problemático. Rebecca parece ter dificuldade em enxergar a questão da racialidade do caso.

É válido ressaltar que Becca e Cam tem uma nova conversa. Cam fala para Becca que Warren não é seu irmão Gabe e Becca diz que sabe disso. Descobrimos nessa conversa que Cam culpou Becca pelo ocorrido com Gabe na época. Isso foi uma atitude absurdamente terrível da parte de Cam. Já não bastava a dor pela perda do irmão e o sentimento de culpa que a própria Becca já sentia, Cam teve uma atitude execrável de reforçar esse sentimento, o que só piorou a situação emocional de Rebecca.

É claro que Rebecca não tem culpa de nada. Sim, ela não foi legal com o irmão, o hostilizou, brigou com ele. Mas ela não tem culpa do que ocorreu com Gabe. E Cam ter feito isso foi uma atitude terrível. Isso não foi mostrado na série, mas provavelmente isso acabou motivando a partida de Rebecca para outra cidade naquela época. O que Cam fez seria algo para justificar Rebecca nunca mais querer saber dela e ela teria razão.

Contudo, por outro lado, não há como negar que a dificuldade de Rebecca em enxergar a questão racial do caso e acabar sendo condescendente com Warren machuca Cam também, de certa forma, além de ser problemática, machuca Cam. Afinal, Cam é uma pessoa racializada, uma pessoa indígena e sabe como é sofrer uma pressão estrutural e sistêmica como o racismo. Assim sendo, ver Rebecca sendo excessivamente condescendente com Warren, por tabela, a ofende e fere também.

No julgamento de Warren, ele resiste em contar o que sabe e lembra. Instigado pelo promotor, conta quase tudo, mas ainda assim não admite que ajudou Kelly a empurrar Reena na água. Por mais que Kelly seja a principal culpada, a efetiva assassina de Reena Virk, ele também participou do crime. Ele não apenas a agrediu com um chute, mas viu Kelly agredir Reena de modo irreversivelmente fatal e por fim a matar afogada e não fez nada, absolutamente nada, só assistiu e depois a ajudou a deixá-la na água. Ele é um inegável cúmplice, um co-autor.

Aqui, nesse ponto, vemos que o que a mãe de Reena falou para Rebecca no intervalo do julgamento tem muito sentido e razão: Warren viu tudo acontecer e foi cúmplice. E ele participou disso porque era mais “fácil”, porque Reena era considerada mais vulnerável, mais “fraca” dentro dessa sociedade; ele sequer conhecia Reena, mas fez isso por motivação racial, por motivação de ódio. Afinal, é mais “fácil” atacar alguém que já é visto como um elo fraco. Rebecca precisa entender isso, precisa enxergar a questão racial por trás da coisa toda.

Senti falta de explicarem um pouco mais e melhor sobre o passado de Reena e Cam. Claro, o foco é Reena e não elas. Mas uma vez que elas fazem parte da narrativa e servem como ponto para aprofundar o debate e reflexão, seria interessante mostrar mais sobre Cam, sobre a relação dela com Becca e sobre o próprio Gabe.

Resta mais um episódio e há uma tensão e preocupação no ar de que Kelly se safe e/ou não receba a devida punição que merece. Ela foi a algoz principal, mas por ser rica, pode acabar se safando. Mas queremos justiça por Reena Virk, então veremos como a situação terminará no próximo episódio.

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